Já alguma vez olhou para a cabecinha de um bebé e percebeu que estava longe de ser redondinha?!
Provavelmente tratava-se de uma PLAGIOCEFALIA POSICIONAL.
Pode ser um conjunto estranho de palavras mas denomina uma condição mais frequente do que possam imaginar.
Plagiocefalia é o termo médico para denominar a deformidade craniana correspondente a um achatamento assimétrico da cabeça. Plagiocefalia posicional denomina a deformidade craniana resultante de fatores posicionais. Esta denominação costuma ser utilizada quando um bebé apresenta uma zona achatada num lado da cabeça (plagiocefalia) mas, também, quando apresenta achatamento de toda a posterior da cabeça (braquicefalia), tendo como factor comum o facto da deformidade resultar de fatores posicionais.
Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL) é definida como a morte súbita e inesperada, durante o sono, de um bebé com menos de 1 ano de idade, não existindo previamente nenhum sinal consistente indicando risco de vida e em que a avaliação não identifica uma causa específica para o acontecimento.
A incidência da plagiocefalia posicional teve um aumento acentuado desde que surgiu a recomendação de colocar o bebé a dormir de costas para prevenir a Síndrome da Morte Súbita do Lactente. E essa é mesmo a posição mais segura para o bebé dormir. No entanto, se o bebé ficar por longos períodos na mesma posição, o crânio acaba por ficar achatado.
"De costas para dormir e de barriga para brincar" é o lema da Academia Americana de Pediatria para promover a prevenção da SMSL e simultaneamente prevenir a plagiocefalia posicional.
Para além da associação à posição de deitado a plagiocefalia posicional associa-se também a fatores como torcicolo congénito, prematuridade ou gemelaridade.
No caso do torcicolo congénito, um problema nos músculos do pescoço resulta numa posição preferencial da cabeça favorecendo o apoio da cabeça sempre no mesmo local.
O torcicolo muscular congénito corresponde a uma tensão anómala num ou mais músculos do pescoço que está presente ao nascimento e que mantém a cabeça do bebé na mesma posição.
Nos prematuros, o facto de terem os ossos mais moles e factores associados à sua imaturidade colocam-nos em maior risco.
Mas o bebé pode já nascer com a cabeça deformada devido à falta de espaço ou a posições anómalas no útero, o que explica o facto desta condição ser mais frequente em gémeos. A plagiocefalia posiocional também se associa a trabalho de parto prolongado ou parto assistido.
Craniossinostose é um defeito de nascença em que os ossos do crânio de um bebé se unem muito cedo. Isso acontece antes de o cérebro estar totalmente formado, o que pode limitar o seu crescimento. Os problemas associados depende das suturas envolvidas, de quando ocorre o encerramento e se o cérebro tem espaço para crescer.
Importa, no entanto, assinalar que mais raramente a deformidade do crânio pode ter origem não em questões posicionais mas resultar da fusão prematuras das suturas cranianas. Esta é uma condição de gravidade variável denominada craniossinostose.
A diferenciação entre a plagiocefalia posicional e a craniossinostose é essencial pois, enquanto que a plagiocefalia posicional é uma situação benigna associada habitualmente a deformidade estética ligeira não relacionada com problemas de desenvolvimento, a craniosinostose associa-se a deformidade mais grave quer craniana quer facial de agravamento progressivo. Esta ultima, exige portanto, o encaminhamento precoce para Neurocirurgia para avaliar a necessidade cirúrgica tentando minorar os danos associados.
Relativamente à plagiocefalia posicional, ela pode ser, na maioria dos casos, melhorada com a implementação de medidas conservadoras - através do alívio dos fatores contribuintes e da promoção do desenvolvimento motor do bebé, o que passa muitas vezes pela intervenção em fisioterapia.
Assim, fomos pedir ajuda à Fisioterapeuta Pediátrica Sara Pacheco Ferreira, Coordenadora Técnica da Mais Capaz, para responder às perguntas mais frequentes dos pais neste contexto e para vos dar umas dicas acerca da Plagiocefalia posicional.
ESCLARECIMENTOS GERAIS ACERCA DA PLAGIOCEFALIA POSICIONAL
Como posso identificar uma possível assimetria na cabeça do meu bebé?
OBSERVE, PALPE E ACONSELHE-SE.
Observe sempre a cabecinha do seu bebé, exatamente como as outras partes do corpo. Uma boa altura para o fazer é depois do banho com o cabelo húmido. Posicione o bebé de frente para si, de frente para o espelho, de perfil e observe também o topo da cabeça. Ao observar o bebé por estes ângulos, fica mais fácil identificar se o desenvolvimento do crânio acontece de forma harmoniosa. Passe as mãos por toda a cabeça tentando identificar achatamentos, protuberâncias e assimetrias. A parte de trás da cabeça deve ser arredondada, as orelhas devem estar alinhadas e a fronte deve ser harmoniosa. Se suspeitar de alguma alteração partilhe a sua preocupação com o seu pediatra ou médico de família.
Posso prevenir que a deformidade se desenvolva ou agrave?
A deformidade da cabeça do bebé está geralmente relacionada com a posição em que bebé passa mais tempo. Assim, existem algumas medidas simples que previnem a plagiocefalia ou que permitem melhorar a situação quando a deformidade é detetada precocemente.
Medida 1.
Evite que o bebé passe muito tempo na cadeira de transporte ou no baloiço já que essas posições aumentam a pressão na nuca.
Medida 2.
Alterne a posição de apoio da cabeça do bebé quando este está a dormir. Se já notar preferência posicione o bebé do lado contrário. Esta é uma medida que exige monitorização continua, uma vez que o bebé vai certamente mudar a sua posição durante o sono, preferindo sempre o apoio no lado da cabeça que já apresenta deformidade. Pode também mudar a posição do berço.
Medida 3.
Altere a posição de apoio da cabeça do bebé na hora da amamentação e quando pega o bebé ao colo observando em que zona é realizado o contacto da cabeça no seu braço.
Medida 4.
Quando o bebé estiver deitado, posicione o berço ou o tapete de forma a que receba estímulos variados (movimento de pessoas, voz dos pais, cores, sons) dos dois lados ou, no caso de preferência, do lado contrário ao da rotação predominante.
Medida 5.
Treine a posição de barriga para baixo. O bebé deve dormir de barriga para cima mas sempre que possível e, com supervisão, coloque-o a brincar de barriga para baixo. Nesta posição, além de não apoiar a cabeça, o bebé fortalece a musculatura do pescoço e do tronco.
Estas medidas simples, realizadas diariamente têm um enorme impacto no desenvolvimento harmonioso dos ossos e estruturas do crânio do bebé.
E se o meu bebé tiver plagiocefalia?
Nesse caso deve ser observado pelo seu Pediatra que vai confirmar se se trata de uma situação posicional e se há sinais que sugiram a presença de torcicolo congénito. Para além, das medidas acima poderá necessitar de Fisioterapia.
Em casos de dúvida diagnóstica ou de maior gravidade poderá ser referenciado a um neurocirurgião para avaliar a necessidade de usar um capacete (ortótese) ou cirurgia.
Bons conselhos deixados pela Mais Capaz, uma equipa parceira da Projetos de Gente, no nosso projeto de criar uma rede forte entre profissionais dedicados ao cuidado da criança e que partilham a mesma paixão pela pediatria. Saibam mais sobre eles em www.maiscapaz.pt .
Boas leituras e boas brincadeiras,
A equipa PDG
MATERIAIS
Informações para pais - PLAGIOCEFALIA POSICIONAL
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