"No dia 2 de Abril assinalou-se o dia do livro infantil.
Fiquei a pensar que gosto de ler desde sempre e por isso ainda antes do nosso projeto de gente vir a caminho, já existiam livros infantis aqui por casa. Fomos reunindo imagens e palavras que sabíamos que iriam inspirar, ensinar e fazer sonhar os nossos filhos. Para já ainda só temos uma menina, mas hoje demos com ela a querer que lhe lesse vezes sem conta a história do Filipe, um pequeno cato que apenas queria um abraço.
Fez-me pensar um pouco na situação em que vivemos.
Vivemos dias em que quase todos nós temos saudades de dar abraços e que por causa dos espinhos de um vírus invisível, temos que os adiar e ansiar por eles.
E agora que damos por nós a querer abraçar as pessoas das outras janelas, das outras ruas, das outras cidades, dos outros países, porque não o fizemos sempre? Quando podíamos abraçar qualquer pessoa com toda a liberdade e sem medos, o que nos impedia?
O Filipe, o pequeno cato, vivia triste porque os seus espinhos o tornavam diferente e difícil de abraçar; até que encontrou uma pequena pedra que sofria com a angústia de ninguém mostrar interesse pelo seu abraço frio e pétreo. Quando se conheceram, perceberam que não há defeitos para quem sabe olhar e descobrir que as diferenças escondem muitas vezes as virtudes que nos permitem construir relações sólidas e especiais.
Por vezes, podemos achar que são os nossos espinhos ou a nossa frieza que mantêm os outros à distância, outras vezes o inverso. Estou convencida que na realidade todos temos um pouco de tudo isso… mas acima de tudo, todos temos dias em que queremos e precisamos de um abraço. Não acho que vai ficar tudo tudo bem… mas espero que chegue em breve o dia que possamos abraçar todas aquelas pessoas que sempre quisemos abraçar e não tivemos coragem, que sempre quisemos abraçar e não tínhamos um motivo, que sempre quisemos abraçar mas tínhamos medo, que sempre quisemos abraçar mas tínhamos vergonha, que sempre quisemos abraçar mas não tínhamos tempo. E que não volte nunca mais o tempo em que negámos um abraço ao nosso próximo por ser diferente…"
Raquel Briosa
Mãe do "Projeto de Gente" Maria Clara
Obrigado à mãe da Maria Clara por este inspirador contributo! De Gente para Gente todos damos o nosso testemunho! Gente grande ou gente pequena todos temos algo para dizer, para ensinar e aprender. Hoje fomos nós que aprendemos com a Raquel, a Maria Clara e o Filipe! Também nós desejamos um mundo melhor repleto de abraços... nem que por agora estejam adiados. Neste tempo inventamos outra forma de abraçar, ficando em casa e divertindo-nos em família!
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